domingo, 3 de janeiro de 2016

Contratos Milionários Das Operadoras Chega Aos Hospitais Públicos

Era Tão Bom, Não Era?...


Há duas noites atrás tive um sonho, que de tão vívido que era, eu acordei a jurar que é tudo verdade.

Então a história do sonho era assim:

“ Eu tinha-me deslocado a um Hospital Público para visitar uma amiga que tinha tido um bebé; logo que entrei no perímetro do parque de estacionamento, vi umas enormes bandeiras azuis da MEO a esvoaçar, e um simpático rapaz com um “fato macaco” com MEO nas costas, fazia-me sinal para estacionar… Eu estava a ficar um bocado abananada, mas ainda a procissão ia no adro…

Imagem da Internet

Entrei no hall da recepção, e…música ambiente. No balcão as funcionárias, todas elas fardadas com o logo da NOS num sóbrio bordado à direita da blusa, mas nas costas um NOS maior, e vários “placards” de conselhos médicos para pais e parturientes, todos eles em vídeo, numa sofisticada rede de informação.


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Conforme passavam médicos e enfermeiros, todos eles com as suas batas, mas com pormenores distintos, uns com a MEO, outros com a NOS estampadas nas costas e nos bolsos dianteiros, percebia-se claramente que estavam contentes a fazerem o seu trabalho, sem muitos sinais de fadiga.

Depois de me identificar ao “segurança” com o crachá da sua empresa, mas com um uniforme da MEO, subi num elevador confortável, também com música, e entrei no corredor arejado e cheiroso que me levava ao quarto da minha amiga.
Antes mesmo de querer ver o bebé recém  chegado a este mundo, eu não pude conter o meu impulso: 
Amiga, mas que Hospital é este? Não me disseste que era público do SNS? Isto é um luxo!!! Quase apetece ter bebés para vir para aqui, disse eu, meio a rir, porque, mesmo que quisesse engravidar só para estar num sítio destes, já não tenho idade para isso…

E a minha querida amiga jovem mamã, respondeu-me:
“Ó mulher, andas sempre em órbita, e não acompanhas estas actualidades…
Agora, tanto a MEO como a NOS andam a competir em negociações para patrocinarem os Hospitais Públicos, em todos os serviços: Formação a Médicos e Enfermeiros, Serviços de Higiene e Bem Estar para os utentes, cooperação para pagamentos de salários, e até ofertas para quem, como eu, acabou de ter bebé, isto é, um futuro cliente de Telecomunicações…” e mostra-me radiante um pacotão de fraldas da marca X, mas também com os símbolos da MEO e da NOS estampados na embalagem, mais 2 “babygros” um de cada marca, mas sem deixarem de ser fashion para bebés.

Às tantas, um bocado enjoada de tantas MEOS e NOS, eu ainda comentei:
“Ó pá, desculpa lá, mas isto é comprar as pessoas…”
E ela diz-me: “Ai é? Então no futebol não fazem a mesma coisa? Para além de que aqui, se falharem um golo, ganha-se um caixão…”

“E então, o que é que o Hospital dá em troca?...”perguntei eu ainda atónita.

“Bem, pelo que as Enfermeiras me têm dito, os Hospitais têm que garantir um Serviço irrepreensível, terem a Publicidades espalhada por tudo o que é canto, até nos WC, fardas e camisolas, permitirem que sejam emitidas intervenções cirúrgicas em directo, (com a devida protecção à privacidade do paciente) para que médicos e enfermeiros de outros sítios possam aprender ou fazer pesquisa. Parece que os contratos são milionários, na ordem dos 400 milhões por 10 anos…” respondeu a minha amiguinha, antes de dar de mamar ao seu rebento.

Ainda estive ali por mais uma hora, embevecida com o meu novo “sobrinho”, mas também estonteada com o funcionamento daquele Hospital.

De repente acordei estremunhada, apenas com uma pergunta na cabeça:

“Mas… E onde é que estava a VODAFONE???”

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